Em 14/03, foi realizada a posse solene de Álvaro Alves Nôga no plenário do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. A posse efetiva do Magistrado ocorreu no último dia 26 de janeiro.
A Desembargadora Maria Inês Santos Moura Alves da Cunha saudou o empossado, comparando seu estilo pessoal aos criadores das redes sociais, e assim ressaltando sua grande força agregadora: “Vossa Excelência, que veste a toga com orgulho e exerce a Magistratura com alegria, sempre cuidou para que as injustiças fossem sanadas. Esta corte se sente honrada com sua presença. Seja bem-vindo!” Veja na íntegra o discurso da Desembargadora Maria Inês no final do texto.
“Recebo hoje o presente por 19 anos de carreira na Magistratura”, agradeceu o Desembargador Álvaro.
O último a discurso foi o Presidente do TRT-SP, Desembargador Nelson Nazar: “O Doutor Álavaro é um homem simples, que representa estruturalmente nossa coletividade de Magistrados e é símbolo do agente político da vontade do Estado.”
A Presidente da AMATRA-SP, Juíza Sonia Maria Lacerda, esteve presente na ocasião. A mesa da solenidade foi composta pelo Presidente do TRT-SP, Desembargador Nelson Nazar; pelo Desembargador Pedro Cauby Pires de Araújo, que representou o Presidente do TJ-SP; Juiz Orlando Eduardo Geraldi, Presidente do TJM-SP; Procuradora Suzana Leonel Martis, representando o MPT2 e o conselheiro do CNJ, Juiz Lúcio Munhoz.
Após a solenidade os convidados foram recebidos num coquetel no 22º andar.
DISCURSO DA DESEMBARGADORA MARIA INÊS MOURA SANTOS ALVES DA CUNHA
Excelentíssimo Sr. Presidente do E. TRT da 2ª Região Desembargador Nelson Nazar na pessoa de quem cumprimento os demais integrantes da mesa,
Srs. Desembargadores, Srs. Magistrados, Representantes do Ministério Público, demais autoridades presentes, prezados servidores e ilustres convidados, senhoras e senhores,
Poderia iniciar esta breve saudação fazendo referência ao currículo do Desembargador Alvaro Alves Nôga que ora ascende a este Tribunal. Todavia, não o farei. De fato, aqueles que o conhecem sabem de sua vida e de seu trabalho. Aqueles que não o conhecem por certo ingressaram na rede, já se valeram de alguma ferramenta de busca e rapidamente tiveram acesso aos principais elementos que constituem o seu cotidiano de trabalho e de realizações.
Afinal, vivemos a era da informação. Anoto como Castells, que toda revolução tecnológica tem como atributo sua penetrabilidade, sua capacidade de invadir todos os campos da atividade humana colocando-se como o tecido em que esta atividade é exercida. E é nesta dimensão que a tecnologia, em especial a comunicação mediada pela internet, cria uma nova sociabilidade de laços múltiplos e fracos, inclusive com desconhecidos, em um modelo igualitário que desconhece as barreiras sociais.
As redes sociais permeiam nossas vidas. Comunidades aparecem e desaparecem, se transformam ou se fundem dentro da lógica da linguagem da rede. As amizades on line, entretanto, e mais uma vez no dizer de Castells, trazem em si a desvantagem de sua alta mortalidade. Sendo múltiplos e fracos os laços, eles se atam e desatam com comandos de adicionar ou de excluir.
O Desembargador Álvaro também construiu uma grande rede social. Não de laços fracos ou de simples nós conectados, mas uma que à semelhança das redes circenses ampara as quedas previne infortúnios. Desta rede fazem parte magistrados, servidores, professores e alunos, peritos e estagiários, amigos de infância, colegas de atividades anteriores, vizinhos, familiares, dirigentes sindicais e até políticos que, desconhecidos entre si em um primeiro momento, se abraçam em seguida mercê do paciente atar do Desembargador Álvaro.
E se é certo que as comunidades se formam a partir de valores e de interesses comuns o Desembargador Álvaro soube como nenhum outro encontrar os pontos de conexão para estimular amizades e relações que sem sua mediação talvez não ocorressem. Apostou na música para proporcionar momentos de felicidade, reunindo pessoas em concorridos saraus e, em sua afabilidade serena, cooptou a todos para sua filantropia e para a caridade da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos onde avulta a obra social do Padre Lazinho.
É bem verdade que as redes virtuais embora reais funcionam em outro plano da realidade. Mas a despeito de sua eventual fragilidade não devem ser desprezadas, principalmente como ferramentas de disseminação do conhecimento de que é exemplo a utilização do Facebook pela EJUD2 ao criar um modelo de educação à distância.
O Desembargador Álvaro em sua grande rede social não se esqueceu desta possibilidade. Preocupado com conteúdos, estimulou a transmissão de conhecimento sensibilizando a todos e principalmente, os céticos para as ações de acessibilidade dentro deste Tribunal, ações que tiveram o reconhecimento da sociedade civil e que colocaram este Tribunal em destaque. E sem medos ou pudores cuidou para que as injustiças praticadas neste âmbito, e até então esquecidas, fossem definitivamente reparadas.
Integrante de uma geração de excepcionais magistrados deste Tribunal conhecida como a Turma dos 51, o então Corregedor Desembargador Valentim Carrion a eles dedicou a reedição de uma de suas obras, e em uma de suas frases disse: “eu lhes estendi minhas mãos e eles me deram o seu coração”. O Desembargador Álvaro mantém viva as orientações do mentor, honrando, com a Turma dos 51, o legado recebido e cuidando para que as mãos estejam unidas e os corações e mentes abertos aos novos desafios.
E é nesta perspectiva que sem descurar da judicatura, ainda lhe sobrou tempo para o magistério, e para alinhado às novas exigências de uma adequada administração pública se especializar em Administração Judiciária no pressuposto de assim melhor atender as ações tendentes ao estabelecimento de um sistema de justiça e de uma política publica traçada para a superação das desigualdades de acesso ao Poder Judiciário.
A contribuição do Desembargador Álvaro não se cinge às suas decisões, mas à sua luta permanente pela humanização das relações entre os operadores do direito que atuam direta ou indiretamente na Justiça do Trabalho.
Em tempos de Processo Judicial Eletrônico onde a linguagem interativa nos permite enxergar a existência de uma grande rede social constituída de interlocutores improváveis este Tribunal sente-se honrado com a presença de V. Excia. É esta humanidade do Desembargador Alvaro, esta capacidade de atar laços fortes e de cuidar para que eles não se afrouxem que vem se somar aos esforços deste Tribunal para que a virtualização do processo não se resuma a uma sucessão de páginas ou de aplicativos, mas que resulte também em um hipertexto de amor e de solidariedade contribuindo para a inclusão digital e para o acesso ao conhecimento.
O Desembargador Álvaro está sempre disponível e não apenas para os momentos felizes daqueles que integram sua imensa e sempre crescente rede social. Sua capacidade de atender a todos muitas vezes atinge níveis de exaustão. Não se aflige ou reclama. Participa, socorre, aplaude, está presente, não esquece, mobiliza, sofre junto, se alegra junto.
Ele se define como um homem feliz. E é este homem feliz que veste a toga com orgulho e exerce a magistratura com alegria. Penso que o que nos define como pessoas felizes é a consciência de nossa finitude, de que apenas no amor e na fraternidade superamos as adversidades e construímos obras com sentido de permanência e que haverão de transcender nossa rápida passagem pelo mundo.
Diz o poeta que a felicidade mora lá detrás do mundo, que para lá se vai em um segundo quando se começa a cantar. Quem sabe talvez por isso o Desembargador Álvaro tenha utilizado a música como catalisador dos infortúnios, como fator de agregação de pessoas, para levar todos ao encontro da felicidade, estabelecendo um ponto de partida para a construção de uma grande rede social, amorosa e solidária.
Bem sei que nem tudo é perfeito. O caminho percorrido por V. Excia. até este Tribunal foi longo e trabalhoso, com avanços e recuos, com alegrias e frustrações, com risos e até lagrimas. Tudo isto faz parte da vida. Da vida vivida em sua plenitude e com intensidade. Assim, digo que se nesta caminhada V. Excia., porventura verteu lágrimas tenho certeza de que, como aquelas gotas de orvalho na pétala de flor, elas caíram como lágrimas de amor.
Seja bem-vindo Desembargador Álvaro.
Muito obrigada.