A AMATRA-SP, representante legítima dos magistrados do trabalho de São Paulo, repudia com veemência as notícias levianas e inverídicas do Jornal Folha de São Paulo, informada neste sábado no twitter, afirmando que os juízes do trabalho de São Paulo sistematicamente não trabalham às sextas-feiras.
A afirmação, além de inverídica é ofensiva, injusta e atinge a honra de toda magistratura nacional, não só a trabalhista.
Manifestação imperdoável do jornalismo dar a entender que o trabalho do juiz limita-se somente às audiências diárias com as partes. O exame cuidadoso de processos bem como a redação de sentenças e decisões processuais, trabalho de elevado nível intelectual, exige tempo e estudo, o que é feito antes e após as audiências, inclusive no período noturno e não raro aos sábados e domingos.
A infeliz reportagem não explica aos leitores que a marcação de centenas de julgamentos às sextas-feiras equivale à audiência e representa produção de trabalho. Não é uma atividade virtual do juiz, pois ela se materializa em suas sentenças.
O trabalho dos juízes, assim como de tantos profissionais, não se mede por hora, porque juízes ficam à disposição diuturnamente para dar liminares e decisões a qualquer hora do dia, diferente dos profissionais jornalistas, que possuem jornada legal de trabalho de cinco horas diárias.
As milhares de sentenças e decisões publicadas pelos juízes paulistas às segundas-feiras foram feitas no final de semana, ou ainda nas sextas-feiras, o que demonstra a inverdade da referida matéria!
Imperdoável a um Jornal que se auto-afirma com tradição democrática, que a matéria seja feita sem ouvir a AMATRA-SP, legítima representante dos juízes paulistas para o exigível contraditório. As pautas de audiência podem ser livremente consultadas no site do TRT-SP e provam que os juízes trabalham – e muito ! – todos os dias da semana!
Omite o Jornal que os juízes de São Paulo, trabalhistas, estaduais e federais são submetidos a maior carga de trabalho do país e decidem em média volume dez vezes superior de processos que os juízes de países desenvolvidos.
Os magistrados do trabalho de São Paulo lamentam que os jornais socorram-se do judiciário para ver defendida a liberdade de imprensa, mas não dedicam a mesma consideração para com os juízes, atacando-os de forma irresponsável e injusta.
Sem imprensa livre e respeitável não há democracia. Há que se ter, dessa instituição fundamental, uma exigência de responsabilidade ética que não está sendo observada neste caso.
Lamentavelmente os magistrados não estão contando com um jornalismo isento e responsável para a análise de sua importante missão republicana e profissional. Os jornalistas, ao menos, poderão sempre contar com os juízes do trabalho de São Paulo para garantir seus direitos, inclusive o da jornada de cinco horas diárias.
Sônia Maria Lacerda
Presidente da AMATRA-SP